Muito
prazer
Francine
Figueiredo
Muito
prazer em conhecê-lo. Não sei seu nome, mas, dia sim, dia não,
encontro com você em “flashes” do passado, em uma boca que não
beijo mais, nos olhos e nos braços musculosos do professor de ioga,
no bom caráter do ex-colega de faculdade que se formou um semestre
depois da turma porque queria fazer a monografia final quando não
era obrigatória, na inteligência do aluno de Direito que fez
mestrado nos Estados Unidos e resolveu voltar para ser professor na
Universidade em que estudou, no bom humor e na sensibilidade
do namorado de adolescência, na alegria e simpatia do colega de
trabalho que sempre chega sorrindo, nos cabelos e na voz doce e
eloquente do professor de literatura...
Não
sei se você é de outro planeta, se já viveu um romance comigo em
vidas passadas, se ainda não nasceu, se mora em outra cidade ou
outro país. Vejo-o no meio de tantos homens e, ao mesmo tempo, você
não é nenhum deles. Se, por um lado, sinto-me ainda um fruto verde,
insegura e despreparada para a vida, por outro, vejo-me madura o
suficiente para tentar não errar de novo. Pelo menos, não cometer
os mesmos erros. Prefiro observar porque a razão é meu esteio
agora.
Ando
solta, meio sem regras, sem rotina certa. Na verdade, não quero
saber das regras que costumo inventar para mim mesma. Tenho me
aborrecido com cobranças e horários. Não quero me exigir nada, nem
me julgar, nem pensar no que eu tenho que fazer. Mas, lá no fundo,
sei que vai chegar uma hora em que não poderei fugir. Você vai
chegar com suas verdades e sentirei vontade de buscá-las dentro das
minhas. Essas verdades nos guiarão no meu e no seu deserto. Lugar em
que poderemos estar juntos sem deixar de ser quem somos; confiar no outro de olhos bem abertos; ser cúmplices de nossos crimes públicos e secretos.
Não
quero ter que imaginar quem você é porque teria que mergulhar de
novo no abismo da minha alma e me deparar com criaturas feias e
belas. Por isso digo apenas: “Nice to meet you” ou “Mucho
gusto” porque, por ora, me contento em olhá-lo nos olhos de todos
sem saber qual é a cor dos seus, em tentar lembrar de um cheiro que
se pareça com o seu, em não me permitir ser tocada por ninguém
porque quero suas mãos. Por ora me basto, por ora estou
apaixonada por mim. Estou vivendo um grande caso de amor comigo
mesma.
Talvez um dia você bata à minha porta, ou eu bata à sua. Talvez nos encontremos na rua, em uma praça, em uma festa. Neste dia, quem sabe, eu estarei pronta para as minhas verdades, para as suas verdades. E, quem sabe, possamos criar juntos a nossa verdade.
Muito prazer
Francine
Figueiredo
Muito
prazer em conhecê-lo. Não sei seu nome, mas, dia sim, dia não,
encontro com você em “flashes” do passado, em uma boca que não
beijo mais, nos olhos e nos braços musculosos do professor de ioga,
no bom caráter do ex-colega de faculdade que se formou um semestre
depois da turma porque queria fazer a monografia final quando não
era obrigatória, na inteligência do aluno de Direito que fez
mestrado nos Estados Unidos e resolveu voltar para ser professor na
Universidade em que estudou, no bom humor e na sensibilidade
do namorado de adolescência, na alegria e simpatia do colega de
trabalho que sempre chega sorrindo, nos cabelos e na voz doce e
eloquente do professor de literatura...
Não
sei se você é de outro planeta, se já viveu um romance comigo em
vidas passadas, se ainda não nasceu, se mora em outra cidade ou
outro país. Vejo-o no meio de tantos homens e, ao mesmo tempo, você
não é nenhum deles. Se, por um lado, sinto-me ainda um fruto verde,
insegura e despreparada para a vida, por outro, vejo-me madura o
suficiente para tentar não errar de novo. Pelo menos, não cometer
os mesmos erros. Prefiro observar porque a razão é meu esteio
agora.
Ando
solta, meio sem regras, sem rotina certa. Na verdade, não quero
saber das regras que costumo inventar para mim mesma. Tenho me
aborrecido com cobranças e horários. Não quero me exigir nada, nem
me julgar, nem pensar no que eu tenho que fazer. Mas, lá no fundo,
sei que vai chegar uma hora em que não poderei fugir. Você vai
chegar com suas verdades e sentirei vontade de buscá-las dentro das
minhas. Essas verdades nos guiarão no meu e no seu deserto. Lugar em
que poderemos estar juntos sem deixar de ser quem somos; confiar no outro de olhos bem abertos; ser cúmplices de nossos crimes públicos e secretos.
Não
quero ter que imaginar quem você é porque teria que mergulhar de
novo no abismo da minha alma e me deparar com criaturas feias e
belas. Por isso digo apenas: “Nice to meet you” ou “Mucho
gusto” porque, por ora, me contento em olhá-lo nos olhos de todos
sem saber qual é a cor dos seus, em tentar lembrar de um cheiro que
se pareça com o seu, em não me permitir ser tocada por ninguém
porque quero suas mãos. Por ora me basto, por ora estou
apaixonada por mim. Estou vivendo um grande caso de amor comigo
mesma.
Talvez um dia você bata à minha porta, ou eu bata à sua. Talvez nos encontremos na rua, em uma praça, em uma festa. Neste dia, quem sabe, eu estarei pronta para as minhas verdades, para as suas verdades. E, quem sabe, possamos criar juntos a nossa verdade.
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